QUESTÕES TÍPICAS DE PROVA:
- "Caracterize o inconsciente freudiano"
- "Diferencie consciente, pré-consciente e inconsciente"
- "Como o inconsciente se manifesta?"
DEFINIÇÃO ESSENCIAL:
O inconsciente é a maior parte do aparelho psíquico, contendo conteúdos reprimidos que determinam nosso comportamento sem que tenhamos consciência disso.
Metáfora do iceberg:
- Consciente: Pequena parte visível (o que sabemos agora)
- Pré-consciente: Pode tornar-se consciente facilmente
- Inconsciente: Imenso e oculto, determina nossa vida psíquica
CARACTERÍSTICAS FUNDAMENTAIS (decorar!):
1. ATEMPORALIDADE:
- Não distingue passado/presente
- Traumas infantis são vividos como atuais
- Exemplo: Fobia atual pode ter origem na infância
2. AUSÊNCIA DE CONTRADIÇÃO:
- Coexistência de opostos
- Amor e ódio pela mesma pessoa simultaneamente
- Exemplo: Ambivalência edípica (ama e teme o pai)
3. MECANISMOS BÁSICOS:
- Condensação: Múltiplas ideias em uma imagem (sonhos)
- Deslocamento: Energia psíquica muda de objeto
- Exemplo: Sonho condensa várias pessoas em uma figura
4. MANIFESTAÇÕES INDIRETAS:
- Sonhos (via régia para o inconsciente)
- Atos falhos (lapsos, esquecimentos)
- Chistes (piadas revelam desejos reprimidos)
- Sintomas neuróticos
- Transferência analítica
IMPORTÂNCIA CLÍNICA: Origem dos sintomas neuróticos • Conflitos entre desejo e defesa • Trabalho analítico visa tornar consciente o inconsciente
Onde era o Id, o Ego deve advir
— Sigmund Freud
EXEMPLO CLÁSSICO:
Fobia de elevador → Investigação analítica revela medo inconsciente de espaços fechados relacionado a sufocamento afetivo materno na infância.
QUESTÕES TÍPICAS DE PROVA:
- "Diferencie angústia de medo"
- "Explique as duas teorias freudianas da angústia"
- "O que Lacan quis dizer com 'a angústia não engana'?"
- "Relacione angústia, falta e desejo"
DEFINIÇÃO ESSENCIAL:
Angústia é um afeto sem objeto específico, diferente do medo (que tem objeto determinado). Manifesta-se corporalmente e sinaliza perigo psíquico interno.
CARACTERÍSTICAS CORPORAIS:
Etimologia: Angustia (latim) = estreiteza, aperto
Manifestações físicas:
- Aperto no peito
- Dispneia (falta de ar)
- Taquicardia
- Nó na garganta
- Sudorese
DUAS TEORIAS FREUDIANAS (obrigatório saber!):
1ª TEORIA (1895) - Teoria Econômica:
- Angústia = transformação da libido não descarregada
- Energia sexual reprimida vira angústia
- Modelo hidráulico (pressão que precisa escoar)
2ª TEORIA (1926) - Teoria do Sinal:
- Angústia = sinal de perigo interno
- Ego detecta ameaça e dispara alarme
- Função adaptativa (prepara para enfrentar perigo)
ANGÚSTIAS ESPECÍFICAS POR FASE:
| Fase |
Tipo de Angústia |
Conteúdo |
| Bebê |
Desamparo |
Dependência absoluta da mãe |
| Infância |
Perda do amor |
Medo de abandono parental |
| Fálica (3-6 anos) |
Castração |
Medo de perder órgão/potência |
| Adulto |
Supereu |
Culpa, autopunição |
| Universal |
Morte |
Angústia existencial |
CONTRIBUIÇÃO DE LACAN:
A angústia não engana — única emoção que não mente
— Jacques Lacan
Inversão fundamental:
- Freud: Angústia = sinal de falta/perda
- Lacan: Angústia surge quando falta a falta
Explicação: Excesso de presença/controle gera angústia
- Exemplo: Mãe que nunca se ausenta, sempre satisfaz tudo
- Criança não pode desejar (tudo já está dado)
- Resultado: angústia por não poder faltar nada
FALTA → DESEJO (saudável)
AUSÊNCIA DE FALTA → ANGÚSTIA (patológica)
IMPLICAÇÕES CLÍNICAS: Não eliminar angústia, mas usá-la como bússola • Transformar angústia em desejo • Passagem obrigatória para acessar o desejo autêntico
QUESTÕES TÍPICAS DE PROVA:
- "Explique o estádio do espelho de Lacan"
- "Diferencie Id, Ego e Superego"
- "Por que Lacan diz que o eu é uma ficção?"
- "O que é o corpo despedaçado?"
CONCEITO FUNDAMENTAL:
O bebê não nasce com senso de "eu". O ego se constitui através de identificações e reconhecimento especular.
ESTÁDIO DO ESPELHO (Lacan) - 6 a 18 meses:
Momento fundador da subjetividade:
- Situação: Bebê diante do espelho (real ou metafórico)
- Reconhecimento: "Essa imagem sou eu!"
- Jubilo: Fascínio pela imagem unificada
- Identificação: Matriz do ego futuro
Paradoxo central:
- Bebê se sente fragmentado internamente
- Vê imagem unificada no espelho
- Identifica-se com essa imagem externa
- Resultado: Ego baseado em imagem externa (ficção)
O eu está numa linha de ficção
— Jacques Lacan
SEGUNDA TÓPICA FREUDIANA (decorar!):
| Instância |
Função |
Princípio |
Características |
| ID (Isso) |
Pulsional |
Prazer |
"Eu quero agora!" / Inconsciente |
| EGO (Eu) |
Mediador |
Realidade |
Equilibra Id-Superego-Realidade |
| SUPEREGO |
Moral |
Perfeição |
"Você deveria..." / Crítico interno |
Metáfora freudiana: Ego = cavaleiro / Id = cavalo selvagem
EGO CORPORAL:
O ego é, antes de tudo, um ego corporal
— Sigmund Freud
Implicações:
- Ego = representação mental do corpo
- Mudanças corporais afetam identidade
- Imagem corporal estrutura o eu
Exemplos:
- Adolescência: mudanças corporais = crise identitária
- Doença grave: abala senso de eu
- Envelhecimento: reformulação da autoimagem
CORPO DESPEDAÇADO (Psicoses):
Quando falha a constituição do ego:
- Retorno da fragmentação primitiva
- Sensação de desmembramento
- Órgãos soltos, partes separadas
Manifestações:
- Arte de Bosch (corpos fragmentados)
- Sonhos psicóticos
- Alucinações cenestésicas
- Despersonalização
QUESTÕES TÍPICAS DE PROVA:
- "Como se forma o superego?"
- "Explique o paradoxo do superego"
- "Diferencie ideal do ego e superego"
- "Qual a relação entre superego e sentimento de culpa?"
- "Compare superego clássico e contemporâneo"
FORMAÇÃO DO SUPEREGO:
Marco temporal: Final do Complexo de Édipo (5-6 anos)
Processo de formação:
- Conflito edípico: Criança ama genitor do sexo oposto
- Angústia de castração: Medo de punição paterna
- Solução: Identificação com genitor do mesmo sexo
- Resultado: Autoridade paterna internalizada = SUPEREGO
Fórmula: "Se não posso vencê-lo, torno-me como ele"
ESTRUTURA DUPLA DO SUPEREGO:
1. FACE LUMINOSA (Ideal do Ego):
- Função: "Seja como seu pai"
- Características: Ideais, aspirações, modelo
- Efeito: Motivação, busca de perfeição
- Origem: Identificação com pai idealizado
2. FACE SOMBRIA (Superego cruel):
- Função: Vigilância, punição, crítica
- Características: "Você deveria...", "Não pode..."
- Efeito: Culpa, autopunição, inibição
- Origem: Pai primevo, autoridade feroz
Quanto mais se obedece, mais o superego exige
— O Paradoxo Fundamental
Mecanismo:
- Renúncia → Superego mais severo (não mais brando!)
- Obediência → Maior exigência
- Satisfação → Impossível de alcançar
SUPEREGO E CULPA:
| Culpa Consciente |
Culpa Inconsciente |
| "Fiz algo errado" |
Não sabe por que se sente culpado |
| Transgressão real |
Desejos inconscientes |
| Remédio: reparação |
Sintomas neuróticos |
Manifestações da culpa inconsciente:
- Acidentes "casuais" repetidos
- Autossabotagem
- Fracassos inexplicáveis
- Somatizações
- Atos falhos autopunitivos
TRANSFORMAÇÃO CONTEMPORÂNEA:
| Aspecto |
Superego Clássico (séc. XIX-XX) |
Superego Contemporâneo (séc. XXI) |
| Imperativo |
"NÃO PODE!" (proibitivo) |
"GOZE!" (injuntivo) |
| Função |
Repressão, renúncia |
Obriga a gozar, ser feliz, consumir |
| Sintoma |
Neurose de culpa |
Angústia por não gozar suficientemente |
CONSEQUÊNCIAS ATUAIS: Tirania da felicidade obrigatória • Culpa por não aproveitar bastante • Depressão por inadequação aos ideais de sucesso • Consumismo compulsivo
QUESTÕES TÍPICAS DE PROVA:
- "Diferencie neurose e psicose estruturalmente"
- "O que é foraclusão do Nome-do-Pai?"
- "Explique o caso Schreber"
- "Por que o delírio é uma tentativa de cura?"
- "Quais os tipos de delírio paranoico?"
DIFERENCIAÇÃO ESTRUTURAL FUNDAMENTAL:
| Aspecto |
NEUROSE |
PSICOSE |
| Mecanismo |
Recalque |
Foraclusão |
| Realidade |
Preservada |
Rompida |
| Sintomas |
Compromisso |
Retorno no Real |
| Linguagem |
Acessível |
Alterada/Neologismos |
| Transferência |
Neurótica |
Erotomaníaca/Persecutória |
CONCEITO DE FORACLUSÃO (LACAN):
Diferença crucial:
- Recalque: Conteúdo entra no psiquismo → é reprimido → pode retornar
- Foraclusão: Conteúdo JAMAIS entra no psiquismo → retorna no Real
O que é foracluído: NOME-DO-PAI
- Significante da função paterna
- Lei simbólica
- Castração estruturante
- Acesso à linguagem
O delírio não é a doença, mas a tentativa de cura
— Insight freudiano fundamental
CASO SCHREBER - PARADIGMA CLÍNICO:
Dados biográficos:
Nome: Dr. Daniel Paul Schreber
Profissão: Juiz alemão
Características: Intelectual brilhante, funcional até os 51 anos
Crises: Duas crises psicóticas (1884 e 1893)
Conteúdo delirante:
- Transformação em mulher por Deus
- Missão cósmica: Gerar nova humanidade
- Raios divinos: Penetração corporal
- Linguagem dos nervos: Comunicação especial com Deus
ESTRUTURA DO DELÍRIO PARANOICO:
1. MEGALOMANIA:
- "Sou escolhido/especial"
- Missão grandiosa
- Identidade inflada
2. PERSEGUIÇÃO:
- "Querem me destruir"
- Transformação do amor em ódio
- Ex-amado vira perseguidor
3. EROTOMANIA:
- "X me ama secretamente"
- Certeza delirante de ser amado
- Geralmente figura pública
4. CIÚME DELIRANTE:
- Infidelidade fantasiosa do parceiro
- Projeção de impulsos próprios
1. INCONSCIENTE ↔ ANGÚSTIA:
- Angústia = sinal de irrupção do inconsciente
- Conteúdos reprimidos ameaçam consciência
- Ego dispara alarme de perigo interno
2. ANGÚSTIA → CONSTITUIÇÃO DO EGO:
- Angústia primitiva impulsiona desenvolvimento
- Bebê constitui defesas para suportar desamparo
- Estádio do espelho = solução para fragmentação angustiante
3. SUPEREGO → ANGÚSTIA:
- Superego severo = fonte de angústia constante
- Culpa inconsciente gera sintomas
- Paradoxo: mais obediência = mais severidade
4. FALHA DO EGO → PSICOSE:
- Foraclusão do Nome-do-Pai = falha na constituição
- Sem função paterna = estrutura psicótica
- Ego fragmentado = corpo despedaçado
5. INCONSCIENTE ↔ PSICOSE:
- Psicose = "furo" no inconsciente
- Foracluído não pode ser recalcado
- Retorna no Real (alucinações, delírios)
CASO 1: ANGÚSTIA SEM OBJETO
Paciente: Maria, 28 anos
Sintoma: Crises de pânico inexplicáveis
Análise: Crises começaram no noivado → Medo inconsciente de repetir casamento infeliz dos pais
Compreensão: Angústia sinaliza perigo (casamento = infelicidade familiar)
CASO 2: SUPEREGO TIRÂNICO
Paciente: João, executivo
Sintoma: Trabalho compulsivo, culpa por prazeres, somatizações
Análise: Pai extremamente exigente → Superego internalizado cruel
Dinâmica: Quanto mais se sacrifica, mais o superego exige
CASO 3: DESENCADEAMENTO PSICÓTICO
Paciente: Pedro, 23 anos
Situação: Promoção → posição de chefia
Sintomas: Vozes persecutórias, delírios de envenenamento
Compreensão: Autoridade convocou função paterna não inscrita → Surto psicótico
ESTRATÉGIAS DE ESTUDO: Criar exemplos pessoais • Vincular conceitos • Usar casos clínicos • Praticar explicação simples • Focar na lógica